No ano passado, 43% dos habitantes da região disseram investir em algum tipo de produto financeiro, de acordo com uma pesquisa da Anbima.
Impulsionada pelo agronegócio, a riqueza dos moradores do Centro-Oeste passou a ser alvo de disputa no mercado de investimentos. E não é para menos. No ano passado, a região subiu de patamar e alcançou o Sudeste com a maior proporção de investidores em relação à população local.

 

Em 2022, 43% dos habitantes do Centro-Oeste disseram aplicar em algum produto financeiro – dos mais simples, como a poupança, aos mais complexos-, uma alta de 10 pontos porcentuais em relação ao levantamento de 2021, de acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

 

“O Centro-Oeste está crescendo há algum tempo, e a participação da região ficou mais relevante por causa do desempenho do agronegócio”, afirma Marcelo Billi, superintendente educação da Anbima.

O fortalecimento do Centro-Oeste é reforçado pela trajetória do volume de investimentos de pessoas físicas tanto no varejo como no private na indústria de fundos. A região registrou o maior crescimento no ano passado, alta de 14,5%, para R$ 257,46 bilhões.

Nos últimos anos, o agronegócio tem destoado do resto da economia e contribuído de forma direta para o desempenho positivo do Centro-Oeste. Num cenário de baixo desemprego, a massa de renda de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal somou quase R$ 28 bilhões em 2022, um crescimento de 26% em 10 anos, de acordo com dados compilados pela consultoria LCA. Nesse mesmo período, o País registrou um aumento de 17%.

“Os maiores ganhos foram observados durante a pandemia por causa do boom de commodities e das safras recordes”, afirma Bruno Imaizumi, economista da LCA.

Mais do que impulsionar a renda do produtor, o setor tem sido capaz de dar dinamismo para toda a cadeia da economia local, beneficiando a indústria e o comércio instalados na região.

 

“A participação do agronegócio na economia brasileira é enorme. Estamos falando de 25% do PIB”, afirma Julio Mello, head comercial da XP. “O agro acaba puxando o desenvolvimento de outros setores, como indústria, serviços e comércio. Temos uma estratégia de expansão muito forte para região.”

No mês passado, a XP deu início a um road show por 16 cidades do Centro-Oeste para formar e contratar assessores de investimentos e, claro, buscar mais clientes. O ponto de partida foi Brasília. Nas próximas semanas, serão visitadas cidades expoentes do agronegócio na região, como Lucas do Rio Verde, Rondonópolis e Sorriso.

A empresa não tem uma meta definida para a contratação de novos assessores de investimentos no Centro-Oeste, mas o plano inicial é ampliar dos atuais 50 para 150 profissionais até o fim do ano. “Ou a gente exporta uma pessoa para lá ou formamos uma pessoa local. Eu acredito mais nessa segunda opção, de formar alguém que entenda e se comunique bem com aquelas pessoas da região”, afirma Mello.

Em potencial de ativos sob custódia na região, a estimativa da XP é subir de R$ 3 bilhões para R$ 6 bilhões em 2023.

Grandes fortunas
A busca pela riqueza do Centro-Oeste também é um foco dos escritórios que miram as grandes fortunas. Desde o início do ano, o family office suíço Julius Baer criou uma posição exclusiva dentro da sua estrutura para buscar clientes da região.

“Na região, um dos objetivos é mostrar o conceito de family office, que é diferente e, de certa forma, novo na gestão de patrimônio”, diz Fernando Vallada, CEO do Julius Baer no Brasil. No País, o volume mínimo de patrimônio exigido pelo escritório é de R$ 25 milhões.

A presença da companhia na região faz parte de uma estratégia global da empresa. Com US$ 500 bilhões administrados em 26 locais, o Brasil, ao lado de outros nove mercados, foi escolhido como prioritário pela marca.

“Vemos que a região é composta por famílias que tiveram um crescimento patrimonial por meio de atividades empreendedoras de algumas gerações. E elas querem sofisticar não só os seus negócios, mas também a sua relação com o patrimônio”, afirma Cristiano Camara, diretor regional do Centro-Oeste do Julius Baer.

Cristiano Camara foi escolhido pelo suíço Julius Baer para cuidar da região Centro-Oeste.

Nessa estratégia recente de ampliar a participação no Brasil, o Julius Baer também escolheu profissionais para Curitiba e para as regiões Norte e Nordeste.

Num movimento um pouco mais antigo, a Portofino Multi Family Office nomeou há dois anos um executivo de relacionamento para atender o Centro-Oeste em busca de famílias com patrimônio mínimo de R$ 5 milhões. Em 2023, a meta é crescer 80%. “Na gestão do patrimônio, a capilaridade é relevante. É importante para o investidor saber que tem uma pessoa, um escritório do lado dele”, afirma Daniel Barbuglio, responsável pela área de marketing do escritório.

Produtos para o agro
Se há mais investidores ligados ao agronegócio, mais produtos financeiros para o setor foram desenvolvidos nos últimos anos. Em agosto de 2021, foram lançados os Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais). De acordo com a Anbima, já são 35 fundos dessa classe de produto, que somam quase R$ 10,6 bilhões em emissão.

“Os fundos do agronegócio ajudaram a facilitar a entrada dessa população no mercado. É algo que eles convivem no dia a dia”, afirma Helio Pio, sócio da Devant Asset.

O fundo criado pela Devant nasceu com patrimônio de R$ 70 milhões e tem na carteira ativos de grandes empresas do mercado de agronegócio. Contempla, por exemplo, operações de logísticas, armazenagem de grãos e distribuição de insumos.

“No nosso roadshow, a maior parte de interessados foi da região Centro-Oeste”, afirma Pio. “É mais fácil para quem está lá entender as operações do que para muita gente que a gente apresentava no Sudeste.” Um dos projetos financiados pelo produto da Devant foi a construção de um silo próximo ao Porto de Paranaguá.

Na EQI Investimentos, há uma equipe exclusiva destinada para a elaboração de produtos ligados ao agronegócio. Cerca de 10% a 12% dos 70 mil clientes da assessoria são de regiões com forte vocação para o agronegócio, em especial o Centro-Oeste. A demanda é tão relevante que a empresa passou a estruturar operações de dívidas para distribuir no mercado de capitais. “Recentemente, emitimos um CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) para um pecuarista é há 3 mil investidores no papel”, afirma Eça Correia, co-head de agro da companhia.

A EQI tem cerca de R$ 22 bilhões em ativos sob custódia e maioria dos produtos que distribui (de 80% a 85%) são de terceiros. E o agro faz parte da estratégia da casa para aumentar a oferta de investimentos próprios. “Estamos colocando uma operação de agro por mês. Em dezembro, captamos R$ 28 milhões em um dia para uma planta de fertilizantes.” (O Estado de S.Paulo, 11/4/23)

Fonte: Brasilagro

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